As vezes ele parece feliz a outrem. Sempre sorridente, brincalhão, educado. As vezes até ele acredita na sua própria "felicidade". Não é difícil fazê-lo feliz. Palavras confortadoras, um sorriso, uma compania agradável, enfim, amigos. Porém, quando ele está indo embora, ele encontra o seu eu verdadeiro para lhe acompanhar e dormirem juntos em pleno conflito. Só ele sabe o quanto ele mesmo é desagradável e o quanto é ruim estar com ele a noite com vontade de abandonar a vida, de abandonar todos, de entorpecer-se e ainda ter de achar esperança e força para daqui a 6 horas recomeçar a ser feliz. E sua vida é assim, sua infelicidade tem hora marcada para o encontrar. Ele até a imagina "Te encontro amanhã as 6,tá?" assim como ele também tem horário para se encontrar. Dissimulado! É isso que você é - ele pensa com ele - Como você pode enganar a todos seu DISSIMULADO DESGRAÇADO? E o que vai fazer agora senhor dissimulado? Eu tenho vergonha de ser você seu porco imundo. É que eles não vão gostar de mim. É chato lidar com alguém melancólico. Melhor ser homem e verdadeiro. Seja homem seu filho da puta. O que você apredeu nessa vida inútil? Seja VERDADEIRO. E nesse conflito interno ele segue sabendo que tem vergonha de ser ele. Pensa que, deixar esse mundo não deve ser uma idéia tão ruim. E a idéia do lado de lá lhe dá uma enorme paz. E ele apenas quer encontrá-la. Ele, segundo a teoria do determinismo - tese segundo a qual todos os acontecimentos do mundo e todas as ações humanas são decorrentes de leis físicas, químicas e biológicas- é podre. Assim criado, assim será. Mesmo tentando abandonar sua natureza podre, sua essência podre, ele nunca poderá fazer, nunca poderá a abandonar. E nesse momento ele até enxerga-se no meio de uma multidão que o diz: Nada! Nada! Pra mim você não passa de um nada! Podre! Podre! Você fede! Sua presença nos ofende! Morra aberração! Ogro! E até ele admite-se podre. Do podre viemos, ao podre voltaremos. E em meio a devaneios e alucinações o palhaço sem futuro segue seu caminho tortuoso.